Os usos da Educação a Distância

28/09/2011 19:01

 

    Há vários modos de fazer EaD, em diversos setores e níveis. A Educação Fundamental e Básica à distância ocorre em países como Estados     Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o que significa dizer que as crianças são educadas em casa por pais ou tutores, sem freqüentar ou freqüentando pouco a escola. No Brasil, a EaD para esse nível pode ser realizada apenas por instituições credenciadas por Conselhos Estaduais de Educação. No estado de São Paulo, o Ensino Médio pode oferecer 20% da carga horária em EaD.

    A esse respeito, o artigo 80 da LDB diz que:


    "O uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) para o ensino a distância no ensino fundamental pode ser utilizado apenas como         complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Não se trata aqui de propor o uso do ensino a distância para fazer frente às mudanças do currículo básico do ensino fundamental e médio. Trata-se de chamar a atenção para uma metodologia que pode e deve ser estimulada para promover a melhor aprendizagem dos alunos, complementando conhecimentos com contextos mais reais e dinâmicos; promovendo a oferta de alternativas para recuperação, reforço e avanços de alunos e até mesmo para promover a aprendizagem de uma segunda e terceira língua estrangeira ou de orientação e de educação profissional. Enfim, trata-se de diversificar e oferecer oportunidades para que os alunos possam optar por módulos complementares de estudos."

 

    O Plano Nacional de Educação definiu que o ensino superior pode fazer uso de metodologias a distância, limitando-o a 20% da carga horária do curso, sem necessidade de autorização ou credenciamento. Nada impede que este Colegiado estabeleça o mesmo para a educação básica, na mesma proporção prevista para o ensino superior, visando incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

 

    Parece ser uma tendência geral que o que começa a ocorrer no estado de São Paulo se espalhe por outros estados do país.

    No Ensino Superior, além do percentual de 20% de carga horária de EaD para cursos presenciais, existem cursos sendo oferecidos totalmente on-line, sendo necessário apenas que as provas finais sejam presenciais. Merecem menção, nesse nível de ensino, as universidades abertas, que atendem a mais de 100.000 alunos e utilizam material impresso, rádio, televisão e vídeos; as universidades virtuais, que oferecem cursos 100% à distância e não possuem câmpus físico; e as universidades corporativas que fornecem cursos com certificação acadêmica em diversos níveis a um público com perfil previsível a fim de desenvolver habilidades práticas e administrativas de seus funcionários ou desenvolver a cultura corporativa.

    Além dessas aplicações, a EaD ainda tem sido utilizada em treinamentos de instituições governamentais e em cursos libres, voltados a um público variado e não diretamente ligados ao Sistema de Ensino oficial.

    O mercado da EaD envolve muitos profissionais: designers instrucionais, professores, tutores, alunos, funcionários de instituições de ensino, fornecedores de serviços e produtor, empresas que produzem e vendem softwares, material didático, conteúdo e cursos, prestam consultoria, oferecem hospedagem e serviços de logística, fornecem equipamentos e materiais etc. É possível, pois, terceirizar a operação praticamente completa de Educação à Distância.

    O design instrucional se preocupa com a organização visual da informação, de forma que ela influencie a aprendizagem. O profissional dessa área deve ocupar-se também da forma como o conteúdo poderá ser acessado pelo aluno: linearmente ou com a possibilidade de “pular” de um módulo a outro; além de planejar a interação do curso e o acesso ao material, escolher as tecnologias a serem utilizadas e ainda envolver-se com o custo do projeto.

    Para que planeje esses aspectos de forma eficiente, é necessário levantar vários aspectos: características da audiência, sua dispersão geográfica, tecnologias disponíveis para a audiência, objetivos dos estudantes, objetivos e missões da instituição de ensino, custo que precisa ser recuperado, custos da oferta de serviço, ambiente político no momento para a instituição de ensino, remuneração dos professores e competição no mercado. Assim, entende-se o conceito de design como o projeto instrucional, educacional, pedagógico ou didático de um curso. Filatro (2004) define esse profissional como o profissional que atua no cruzamento entre a educação, a arte, a tecnologia e a administração, sendo capaz de gerenciar equipes e projetos. A profissão é reconhecida, inclusive, pelo Ministério do Trabalho e está inserida na classe de “Programadores, avaliadores e orientadores do ensino”.

    O alemão Otto Peters, por outro lado, defende que o professor deve incorporar o trabalho do design instrucional. Nessa concepção, o conteúdo poderia ser atualizado continuamente, e não estaria terminado antes que ocorresse a interação aluno-conteúdo.

 

MATTAR, João. Os usos da Educação a Distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional. 2011

 

FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: SENAC, 2004.